quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Meta-reflexão: refletindo sobre o ato de refletir


Lendo hoje o capítulo "Reflexões sobre o livro didático de Literatura - Hélder Pinheiro", inserido no livro Português no Ensino Médio e a formação do professor, onde o autor escreve que, uma das principais falhas dos livros didáticos de literatura é a forma como eles não geram uma reflexão acerca do conteúdo apresentado, me vi pensando na questão da "reflexão".

Na verdade, essa característica - não levantar questões reflexivas - não é exclusividade do livro didático de literatura, ou ainda, dos livros didáticos. Refletir exige tempo, dedicação, demanda até, eu diria, certo esforço. Gerar reflexão, então, demanda tudo isso, mas em dobro.

Me coloco nos dois lugares o tempo todo. Como professora, estou no papel de fazer meus alunos refletirem sobre o que leem, veem, escrevem, conversam. Estimulá-los ter um pensamento reflexivo e crítico sobre o que estão desenvolvendo. Acho que tenho tido sucesso nisso, na medida do possível. Penso que o próprio momento de "autoavaliação" da turma, faz com que eles reflitam sobre o que estão aprendendo.

Agora, enquanto aprendiz e professora em formação, a reflexão se torna mais complexa. Paulo Freire diz que "É pensando criticamente a prática de ontem ou de hoje que se pode melhorar a próxima prática. O seu "distanciamente epistemológico" da prática enquanto objeto de sua análise deve dela "aproximá-lo"." Mas isso ainda é tão estranho pra mim. Enquanto reflito sobre a minha aula, não consigo assumir esse distanciamento epistemológico. Tento sim, enxergar minhas falhas, o que poderia ser melhorado, o que não foi tão bom assim... Mas sei que estou muito longe de escrever como uma "mera observadora". Prova disso é que ontem, ouvi da professora Clara - minha orientadora - "li tua última reflexão, vi que tu tava bem animada!". Isso não é assumir um distanciamento, é?

Mas Freire diz também, "quanto mais me assumo como estou sendo e percebo as razões de ser por que estou sendo assim, mais me torno capaz de mudar, de promover-me, no caso, do estado de curiosidade ingênua para o de curiosidade epistemológica.", então entendo que com o tempo, talvez eu consiga deixar meu pensamento crítico mais acima dos meus sentimentos.

Quanto aos livros didáticos... Enquanto eles não se tornam mais reflexivos em si, cabe ao professor buscar medidas e alternativas para exercitar a reflexão nos/dous alunos. :)

Mari

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